Novo ‘Sai de baixo’, tem referencias ao deputado Marco Feliciano quando Caco Antibes grita,’Chupa, Feliciano!’ |
A gravação tinha iniciado fazia apenas dois minutos quando aconteceu o
primeiro erro. Do alto-falante, veio a voz do diretor, Dennis Carvalho:
“Começou esquecendo já na primeira cena… Essa é Aracy Balabanian!”. Após
aplausos do público no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, a intérprete de
Cassandra recomeça, dando sequência ao primeiro dos quatro episódios inéditos
de “Sai de baixo”, que volta ao ar após 11 anos de seu fim.
O equívoco da atriz estava de acordo com o que o elenco antecipava
na entrevista coletiva da véspera: o compromisso com o texto não era próprio do
humorístico originalmente exibido pela TV Globo entre 1996 e 2002 e que, a
partir de junho, volta em novos capítulos no canal Viva. O G1 acompanhou
na noite desta terça-feira (4) a segunda das duas sessões de gravação desta
reestreia do programa.
Antes do princípio, o mesmo Dennis Carvalho afirmava que “todo o
elenco, um por um, quando chegou aqui chorou”. E deu um aviso: “É uma gravação,
tem erros, voltam falas, eles esquecem, para variar… O Miguel [Falabella] está
com a cabeça fundida, não está mais entre nós. Caçulinha, eu tirei do asilo”,
alertou, referindo-se, respectivamente, ao ator que faz o alérgico a pobres
Caco Antibes e ao músico que conduz a trilha.
Das passagens de “amnésia” dos atores aos bordões e às piadas que soam como comentários políticos ou sociais, o novo “Sai de baixo” reproduz o essencial de sua versão anterior. Agora, alternam-se tiradas aleatórias – caso de “Estou mais apertado que saco que dupla sertaneja”, dita por Vavá (Luis Gustavo) – e citações a Marcos Feliciano, ao preço do tomate, à ascensão da classe C, ao PEC das empregadas domésticas, à situação dos aeroportos e até aos obscuros critérios de correção da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Das passagens de “amnésia” dos atores aos bordões e às piadas que soam como comentários políticos ou sociais, o novo “Sai de baixo” reproduz o essencial de sua versão anterior. Agora, alternam-se tiradas aleatórias – caso de “Estou mais apertado que saco que dupla sertaneja”, dita por Vavá (Luis Gustavo) – e citações a Marcos Feliciano, ao preço do tomate, à ascensão da classe C, ao PEC das empregadas domésticas, à situação dos aeroportos e até aos obscuros critérios de correção da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
De cara,
o capítulo inaugural apresenta uma surpresa: abrem-se as cortinas e quem ocupa
o palco, sozinho, é Tony Ramos. Ele não estava no elenco fixo e, aqui, faz um
mordomo que fala – ou tenta falar – francês. O cenário é o de sempre, um
apartamento no Largo do Arouche, região central de São Paulo. Conforme a
campainha vai soando, o mordomo recebe os antigos moradores do local. Pela
ordem: Cassadra; Vavá (que surge ao som do hino do São Paulo, time de Luis
Gustavo, e Tony mostra estar com uma camisa do mesmo time por baixo do traje de
serviçal); Magda (Marisa Orth, que entra de quatro e usa saia curta e decote,
como de hábito); e Caco Antibes (ao som do hino do Vasco da Gama).
Por
fim, vem Neide Aparecida (Márcia Cabrita). Enfim, uma década e pouco adiante,
estão todos reunidos. Com a diferença de que agora Neide, que era empregada,
virou dona do imóvel. É ela quem convida os ex-patrões para um jantar, mas eles
vão ficando, ficando… Assim se desenrola, basicamente, o enredo do episódio.
Um
enredo que, por óbvias razões de saudosismo, desperta aplausos recorrentes ao
trazer de volta gracejos já familiares à audiência. Um exemplo. Magda não é
propriamente conhecida pela inteligência e jamais acerta um ditado. Por conta
disso, “Sai de baixo” popularizou o bordão “Cala a boca, Magda!”. Em dado
momento do episódio, a personagem fala algo como “árvore ginecológica” – é a
senha para Miguel Falabella pedir ajuda ao público do teatro e todos gritarem
juntos a reprimenda.
Curiosamente,
contudo, é Falabella quem mais vezes demanda a interferência do diretor, ao
esquecer suas falas – embora não se possa precisar o quanto disso é voluntário.
E Marisa é a única que parece ter o texto todo decorado. Tanto é verdade que,
diante de um erro da atriz, o intérprete de seu marido comenta: “Alguma vez na
vida Marisa Orth errou!”. A autorreferência e o ato de se comunicar com a
audiência reforça a vocação de “teatro filmado” que tem o “Sai de baixo”.
No
conjunto, o que marca a reaparição do programa é o convívio entre um humor
inconsequente e repetitivo, como o assédio sexual incessante de Caco sobre
Cassandra (sua sogra) e menções à pauta cotidiana. É assim na cena em que Caco
insinua sexo a três com Magda e o mordomo, a quem chama de “urso”. Ali, ele
grita: “Chupa, Feliciano!”. São passagens que, de tempos em tempos, revelam uma
preocupação e servem de recado: o humor de “Sai de baixo” não é gratuito – ou
ao menos não deseja ser percebido como tal.
Fonte: G1 / Portal Padom
Postado por Sérgio
Ramos/Repórter – 07/06/2013
0 Comentários