Sob
protestos de um grupo de parlamentares e de entidades da sociedade civil, tomou
posse nesta quarta-feira (15) o Conselho de Comunicação Social (CCS). O
colegiado, que está sem atividade desde agosto do ano passado, quando terminou
o mandato da última gestão, é um órgão consultor do Congresso para assuntos de
liberdade de expressão, radiodifusão, imprensa escrita e telecomunicações.
A
principal queixa diz respeito à indicação do ministro do Turismo, Henrique
Eduardo Alves, que é também radiodifusor, e de Fernando César Mesquita,
servidor ligado à presidência do Senado. Os dois ocupam duas das cinco vagas
destinadas, por lei, a entidades da sociedade civil.
Segundo
a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a lei que deu origem ao CCS não
prevê a participação de representantes do Estado. "Ao indicar
representantes do Executivo para ocupar o espaço destinado à sociedade civil, o
Congresso Nacional comete o erro de levar para o Conselho o debate que deve se
dar entre os poderes Executivo e Legislativo e, principalmente, o de ferir o
espírito da lei, que colocou a sociedade civil como o fiel da balança do
CCS", afirma a Fenaj.
Indicação
Ao
falar sobre o assunto o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL)
justificou a indicação de Henrique Alves. "Foi indicado um ministro, mas
na vaga da Câmara dos Deputados, foi uma indicação da Câmara. Como não há
conflito, pelo menos nessa avaliação inicial, nós vamos empossar todos",
afirmou.
Outro
aspecto que está sendo contestado é a validade da sessão do Congresso Nacional
ocorrida na última quarta-feira (08), na qual os novos membros foram eleitos. A
sessão não registrou quorum mínimo de 257 deputados e 41 senadores para
deliberação. Segundo a Lei 8.389, de 30 de dezembro de 1991, que cria o CCS, o
Conselho deve ser eleito em sessão conjunta das duas Casas. Ainda contrariando
o Regimento Comum do Congresso Nacional, a pauta não foi distribuída aos
parlamentares com a antecedência de 24 horas, como deve ser feito no caso dos
itens da ordem do dia. As indicações também não foram submetidas à votação
secreta em plenário.
Pedido
de anulação
As
controvérsias foram objeto de um Mandado de Segurança junto ao Supremo Tribunal
Federal. No documento a deputada Luiza Erundina, outros oito parlamentares e
nove entidades da sociedade civil, pediram a anulação do ato que nomeou os
novos integrantes do Conselho de Comunicação Social (CSS).
Ao analisar o pedido, no entanto, o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, negou a liminar impedindo a posse sob o argumento de que não há urgência em analisar o caso, dada a proximidade do recesso parlamentar.
Ao analisar o pedido, no entanto, o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, negou a liminar impedindo a posse sob o argumento de que não há urgência em analisar o caso, dada a proximidade do recesso parlamentar.
"Não
há falar em urgência em obstaculizar a posse dos integrantes do Conselho de
Comunicação Social, eleitos no dia 08 de julho de 2015, uma vez que, conforme o
art. 57 da Constituição Federal, o recesso legislativo terá início no próximo
dia 17 de julho, não havendo possibilidade de se produzir nenhum ato até o
final do mês de julho", diz o despacho.
Apesar
disso, o mérito da questão ainda será analisado na volta do recesso do Judiciário,
a partir do dia 3 de agosto. O relator será o ministro Celso de Mello, que não
tem prazo para analisar a questão.
Durante
a posse, manifestantes chegaram a erguer cartazes com os dizeres:
"Sociedade civil excluída do Conselho de Comunicação Social". Mas,
depois de alguns minutos, o material foi recolhido pela Polícia Legislativa.
Ao
todo 13 nomes integram o CCS: três representantes de empresas de rádio,
televisão e imprensa escrita, um engenheiro especialista na área de comunicação
social, quatro representantes de categorias profissionais e cinco
representantes da sociedade civil. As reuniões do grupo são mensais e o mandato
dos integrantes é dois anos.
Fonte: Karine Melo – Repórter da Agência Brasil / www.brasil247.com
Por
Sérgio Ramos/Repórter e Blogueiro – 15/07/2015
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