Após ultrapassar a marca dos 200 mil eleitores, o principal
município do Agreste pode ter, pela primeira vez, uma decisão eleitoral em dois
turnos
A eleição municipal de 2016
para a Prefeitura de Caruaru tem tudo para ser uma disputa inédita. Isto é, com
mais de duas candidaturas de nomes “tradicionais”. Após ultrapassar a marca dos
200 mil eleitores, o principal município do Agreste pode ter, pela primeira
vez, uma decisão eleitoral em dois turnos.
Os três grupos tradicionais, que se revezam no poder desde a
década de 1950, já se movimentam. O primeiro é liderado pelo atual prefeito
José Queiroz (PDT), que não possui um nome natural para sucedê-lo. O segundo
pelo ex-governador João Lyra Neto (PSB), desafeto de José Queiroz. E o terceiro
é o do deputado estadual Tony Gel (PMDB), prefeito por duas vezes da cidade.
Reeleito em 2012, Queiroz enfrenta desde já um desafio para 2016:
encontrar um nome forte, competitivo e de confiança para concorrer à sucessão.
Isso porque a legislação não permite que ele indique o filho, o deputado
federal Wolney Queiroz (PDT).
Mesmo com boas taxas de aprovação, o pedetista
vai ter que fazer frente às movimentações dos dois outros grupos adversários.
Nesse momento, o prefeito tem sinalizado que não apoiará qualquer nome indicado
pelo ex-aliado João Lyra, que tem investido na filha, a deputada estadual
Raquel Lyra (PSB).
Queiroz nasceu politicamente
dentro do grupo Lyra. A aliança, ainda que com algumas rusgas momentâneas, se
manteve até 2012, quando João Lyra soltou uma nota na imprensa na qual fazia
críticas ao então aliado e retirava seu apoio à campanha de reeleição.
Interlocutor ligado a Queiroz afirmou que o prefeito está atrás de
um nome do PDT. “Não há nenhuma possibilidade de ele apoiar João Lyra ou Tony
Gel. O PDT não vai abrir mão de conduzir esse processo”, comentou a fonte. Mas
como na política o terreno é fértil, o nome do vice, Jorge Gomes (PSB), já tem
sido ventilado como possível candidato do atual prefeito.
O problema é que quem detém mais força no PSB de Caruaru é João
Lyra Neto, que vai fazer de tudo para alçar o nome da filha. Mas sem mandato
desde 2014, quando deixou o comando do governo estadual, ele mesmo pode decidir
se candidatar à prefeitura.
“Creio que Jorge Gomes só tem chances de ser candidato no PSB se
João Lyra quiser. Até porque ele é membro do PSB nacional e foi um fiel aliado
do ex-governador Eduardo Campos. Além de ter uma história reconhecida e popular
em Caruaru”, opinou o marqueteiro Marcelo Teixeira, que já coordenou várias
campanhas em Caruaru.
Oriundo do grupo político que
já foi liderado pelo ex-prefeito Drayton Nejaim, Tony Gel (PMDB) chega a 2016
com uma derrota nas costas. Em 2012, ele colocou a sua esposa, Miriam Lacerda
(DEM), para disputar com José Queiroz, que venceu com 57% dos votos válidos.
Historicamente, o peemedebista sempre foi adversário de Queiroz e Lyra. Mas,
diante dessa divisão de forças, ele se torna o aliado cobiçado.
“Os três devem ter candidatos no primeiro turno. No segundo, é que
abre para as alianças possíveis. Mas numa situação em que teríamos João Lyra e
Tony Gel candidatos, o escolhido de José Queiroz entraria numa briga muito
forte”, analisou Marcelo Teixeira. Além da esposa, que teve um bom desempenho
em 2012, Tony Gel ainda investe no filho, Toninho Rodrigues, que pode ter seu
protagonismo em 2016.
A construção desses palanques, certamente, passará pelas
mãos do governador Paulo Câmara (PSB), contra quem pesa a inexperiência
política. A tarefa não será fácil pois desagradar alguma dessas lideranças
significa interferir em acordos eleitorais futuros. Exímio articulador, até o
falecido ex-governador Eduardo Campos não conseguiu impedir a ruptura entre
Queiroz e Lyra em 2012. Comenta-se que a situação o deixou muito irritado à
época.
Texto
escrito por Carolina Albuquerque e publicado, inicialmente, no site do
jconline.ne10
Fonte: jornaldecaruaru.com.br
Por Sérgio Ramos/Repórter e Blogueiro – 11/07/2015
E-mail: felizsramosdecarvalho@yahoo.com.br
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