(Divulgação) |
A dificuldade que temos em pedir ajuda, deixarmos que alguém nos ajude
ou simplesmente expor nossas fragilidades nos impede de sentirmos a verdadeira
essência do “estarmos vivos”. Seja através da música, da literatura, ou de
qualquer outra manifestação artística, tocar e sermos tocados pelo Outro é a
maior experiência que alguém pode vivenciar. Viver não é apenas respirar e
seguir a rotina diária. Estar vivo é ficar nu e mostrar nossas fraquezas, pedir
ajuda e aceitar a mão que apoia. Viver é transformar o (seu) mundo.
“Todos estamos feridos de alguma maneira e apenas tentamos nos sentir
inteiros”.
Não, não é porque ela apaixonou (dentre
tant@s) Neil Gaiman. Não é porque eu adoro o cabelo e as sobrancelhas
rascunhadas dela. E não, também não é porque adoro “In my mind” (e tantas
outras músicas), e a revolução que ela consegue com seus eventos Ninjas.
Por tudo isso, e por todos os
movimentos que ela apóia (sim, podem dizer que ela isso-ou-aquilo, que ela se
autopromove – alguém contra? – sou a favor do “ame-a-si-mesmo” e faça algo com
esse amor!): sim, o Ted que virou livro é inspirador. O texto é divertido, as
experiências de vida são instigantes, o relato inspira atitudes inovadoras.
“Não existe o ‘caminho certo’ para se
tornar artista de verdade. Você pode achar que vai ganhar legitimidade se fizer
um curso de artes, se for publicado, se for contratado por uma gravadora. Mas
tudo isso é conversa mole e está só na sua cabeça. Você é artista quando diz
que é. E é bom artista quando faz outra pessoa sentir ou vivenciar algo
profundo ou inesperado”.
Se ela bateu recordes no Patreon com
sua campanha (ninguém obrigou nenhuma daquelas pessoas a “patrocinar” a arte de
Amanda), se ela mobiliza pessoas em movimentos relâmpagos, se ela consegue
mecenas como na Idade Média, é porque ela consegue passar o mais importante nos
dias de hoje: “trust me”. Ela convida a uma experiência única para os amantes
do seu trabalho/vida: confie nela. E ela não decepciona (pelo menos não a mim
como fã da sua música, ou do seu livro).
“Se você amar as pessoas o suficiente,
elas te darão tudo”.
Ela não só prova que pedir é uma arte,
e uma arte que não se resume a dinheiro, patrocínio: é muito mais que isso.
Pedir amor, carinho, atenção, é ter coragem para mostrar nossas fraquezas,
nossa incompetência para alguns dos infinitos setores em nossas vidas. Não, não
há como sermos (im)perfeitos em tudo! E para mim, o mais importante no livro/experiência
de Amanda Palmer é escancarar que sim, todos temos medo, sim, todos duvidamos,
e sim, também podemos confiar.
E quando descobrimos que estamos nessa
ou naquela situação de vida, da qual não nos orgulhamos ou não estamos
satisfeitos, podemos tomar alguma atitude e mudar. E se não mudamos “é porque
ainda não está doendo o suficiente”. E se quisermos, podemos ir além dos nossos
medos e vivermos o(s) nosso(s) sonho(s).
“Uma coisa é querer que um cavalo
ganhe, dizia Joe. Outra coisa é comprar o bilhete”.
Amanda Palmer escancara o peito e
mostra a cara (além de todo o seu corpo) e o livro é um diário/receita de como
transformar o (seu) mundo. Ela nos arrasta para o seu circo-cabaré, com seus
múltiplos amores, e nos faz ver quão pouco ousamos ser felizes. Tão bom seria
termos mais Amandas no planeta. É pedir demais?
(Livro: A ARTE DE PEDIR. Ou como
aprendi a não me preocupar mais e a deixar as pessoas ajudarem. Amanda Palmer).
Por Sérgio
Ramos/Repórter e Blogueiro – 06/11/2015
E-mail: felizsramosdecarvalho@yahoo.com.br
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