O
Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPCO) pediu o apoio dos promotores
do Ministério Público (MPPE) no Interior para fiscalizar as prefeituras nos
gastos de recursos próprios com os festejos juninos deste ano. O objetivo é
evitar que municípios com salários atrasados gastem com festas e shows.
As
medidas repetem ações tomadas em janeiro e fevereiro, quando os prefeitos foram
alertados, pelo MPCO e MPPE, para não fazerem gastos com o Carnaval, caso
tivessem folhas de servidores em atraso.
“O
São João é uma festa tradicional, mas não se justifica gastar neste evento com
servidores há três meses sem receber, como em alguns municípios”, disse
Cristiano Pimentel, procurador do MPCO.
Segundo
o MPCO, a mobilização sobre gastos no Carnaval surtiu efeito, pois quase todos
os prefeitos acataram a recomendação feita à época pelo MPCO e MPPE, cancelando
os gastos.
“É
importante dizer que não somos contra o São João, apenas temos cuidado com esta
situação objetiva, de gastar os recursos próprios do município, enquanto os
servidores não recebem em dia. Para nós, é uma evidente contradição gastar com
festa, enquanto o servidor não tem dinheiro nem para fazer a feira”, destacou
Pimentel.
Para
o MPCO, caso o município consiga o apoio do Estado ou patrocínio de empresários
particulares, não há impedimento para as festas. A preocupação do órgão é com
recursos do próprio município, que poderiam ser melhor aplicados no pagamento
dos atrasados dos servidores, além da saúde ou educação.
A
controvérsia entre os órgãos de fiscalização e os prefeitos já foi parar na
Justiça. O promotor Marcelo Tebet Hafeld, do Ministério Público do Estado
(MPPE) em Lagoa dos Gatos, no Agreste de Pernambuco, ajuizou uma ação de
improbidade em janeiro, contra a prefeita Verônica Soares (PTB), por gastos com
festividades mesmo com a folha de pagamento em atraso há meses.
“A
subversão da ordem pública viola frontalmente a legalidade e a moralidade
pública, pois deixar de pagar pela contraprestação do serviço do agente público
para realizar festa, em período sabidamente de crise econômica nacional, beira
a ostentação”, disse o promotor na ocasião.
Além
de uma eventual ação de improbidade administrativa, em caso de violação da
recomendação, o tema pode ser tratado pelo MPCO nas contas dos gestores, a
serem julgadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
As
recomendações já começaram a ser feitas. A promotora Vanessa Cavalcanti já
notificou as Prefeituras de Xexéu e Água Preta para suspender as festas. Em
maio, o Ministério Público do Estado também recomendou que a Prefeitura de Bom
Conselho, no Agreste, não realizasse qualquer evento junino, já que o município
enfrenta uma crise econômica e o prefeito planejava fazer shows custando até R$
500 mil.
O
MPCO espera contar com a compreensão dos prefeitos e da população. Caso haja
alguma desobediência a este entendimento, os servidores prejudicados devem
denunciar nas Promotorias de cada cidade ou na Ouvidoria do MPPE.
Fonte: Blog da Folha/ MPCO
Por Sérgio Ramos/Repórter e Blogueiro – 09/06/2016
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