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Apesar de falar na flexibilização da utilização da proteção, o presidente salientou que a decisão sobre a questão será feita por Queiroga (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil). |
Um dia depois de afirmar que pediu ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, um parecer que desobrigue o uso de máscara por quem já recebeu a vacina ou para quem já foi infectado pelo novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro recuou devido à má repercussão do que dissera. Apesar de falar na “flexibilização” da utilização da proteção, salientou que a decisão sobre a questão será feita por Queiroga e, também, por governadores e prefeitos. Ele lembrou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que assegura autonomia aos estados e municípios para decretar medidas restritivas na pandemia da Covid-19.
“Ontem (10), pedi para o ministro da Saúde fazer um estudo sobre máscara. Quem já foi infectado e quem tomou vacina não precisa usar máscara, mas quem vai decidir é ele, dar um parecer”, disse Bolsonaro aos apoiadores no Palácio da Alvorada. “Se bem que quem decide na ponta da linha é o governador e o prefeito. Eu não apito nada, né? Segundo o Supremo, quem manda são eles. Mas nada como você estar em paz com a sua consciência”, completou.
Queiroga, por sua vez, informou ter recebido o pedido do presidente e novamente deu a entender que fará o estudo sobre a flexibilização. “O nosso presidente da República já deixou claro, quando citou para que fizesse os estudos. O presidente tem acompanhado o ritmo da velocidade da vacinação do Brasil e também de países que alcançaram uma cobertura vacinal, onde assistimos à flexibilização do uso de máscara. Vai ser o nosso caso”, afirmou Queiroga, após evento de inauguração de leitos no Hospital Municipal Guarapiranga (SP).
Baixa cobertura
Segundo especialistas, o Brasil, no entanto, ainda está longe de uma alta cobertura vacinal, única possibilidade para se abandonar a máscara facial. “É importante mencionar que nós estamos em uma situação completamente diferente dos Estados Unidos, onde existe a orientação (para não mais utilizar a proteção). O momento de retirar as máscaras será quando tivermos alta cobertura vacinal e baixa taxa de transmissão do vírus”, explicou a infectologista e integrante da diretoria da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, Valéria Paes.
Alguns governadores se manifestaram depois da ideia de elaboração de um parecer sobre a flexibilização. O governador do Piauí e coordenador do tema da vacina no Fórum Nacional de Governadores, Wellington Dias, afirmou que continuará seguindo a recomendação da ciência, que é o uso de máscaras de todas as pessoas, inclusive das já infectadas e já vacinadas.
“Nós temos ainda alta transmissibilidade, elevado número de internações, de óbitos, e a gente tem 75% ou mais das pessoas que não tomaram nem a primeira dose”, lembrou. Ele comparou a sugestão de Bolsonaro a jogar querosene num incêndio. “Uma declaração como essa é como estarmos no meio de um incêndio de grandes proporções, com todo mundo trabalhando para apagar esse fogo e chega alguém e diz para jogar querosene. Isso é mais grave quando é dito pelo presidente deste país”, condenou.
O governador João Doria, de São Paulo, considerou a afirmação um “ato de profunda irresponsabilidade” e que apenas reforçou o negacionismo do presidente — que, mais uma vez, gerou aglomeração ao visitar o Espírito Santo, ontem. Bolsonaro chegou de máscara, mas retirou a proteção assim que avistou apoiadores no aeroporto. Sem a proteção, distribuiu cumprimentos e tirou selfies.
Postado por Sérgio Ramos/ Radialista e Blogueiro- 12/06/2021
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